“Vou estar com espetáculos sexta e sábado, podíamos aproveitar e íamos todos de fim de semana”, disse ele, cheio de boas intenções. Sacos feitos, sopas em barda para a pequenina, mais fruta cozida e os xaropes que anda tudo ranhoso e lá seguimos viagem.
Jantamos com a banda sonora do sono da pequenina e com as mais velhas já cansadas da viagem a fazerem altos sprints pelo meio das mesas do restaurante todo finesse. E eu, já cansada do dia – e da noite anterior passada em claro – nem sequer consigo sentir-me envergonhada ou constrangida. Tento apenas despachar a coisa. O pai vai para o auditório e eu subo com elas para o apartamento, a suspirar pelo momento de me deitar e fechar os olhos. A bebé aos berros. Dou-lhe o leite. Adormece. Vou para o quarto das mais crescidas. Maria Inês a chorar porque bateu com a cabeça na parede. Maria Rita a chorar porque “foi sem querer” e não queria empurrar a irmã. No quarto ao lado, a pequenina acorda e berra como se não houvesse amanhã. Rogo pragas a tudo e mais alguma coisa e adormeço-a novamente. Volto para junto das mais velhas. Deito-as. Visto o pijama, lavo os dentes, deito-me. Já eu estou ferrada a dormir, ouço bater à porta. Passa da uma da manhã. “Desculpa, esqueci-me de levar o cartão da porta”. Mastigo alguns palavrões e aproveito para tomar um ben-u-ron para a dor de cabeça gigante que entretanto se instalou. Volto a dormir. Três e meia da manhã, a pequenina volta a acordar, o pai adormece-a.
Chora. Olho para o relógio e são seis da manhã. Tento adormecê-la, mas ela conversa e ri-se, pronta para começar o dia. Pego nela e arrasto-me para a sala, para não os acordar, com o mesmo sono – e a mesma dor de cabeça – que tinha quando me deitei. Começa a gatinhar a toda a velocidade e eu sinto-me como se tivesse sido atropelada por um camião. Vou fazer-lhe o pequeno-almoço. “Se calhar agora volta a dormir”. Não dorme e às 6h45 dou por mim a passear, com ela no carrinho, à porta do hotel. Penso que ao menos vou tomar um grande pequeno-almoço para repor as energias. Entro. “Pequeno almoço a partir das 7h30”. Volto com ela para a rua. Ando para a frente a para trás. Adormece. Estou às 7h30 em ponto à porta do restaurante, qual velhota à porta do centro de saúde para apanhar consulta. Escolho a mesa mais próxima do buffet. Vou buscar tudo a que tenho direito. Sento-me. Mergulho o garfo nos ovos mexidos acabadinhos de fazer e ela acorda aos berros. “Raios!” Consigo acalmá-la, sento-a ao meu colo e dou-lhe uma côdea de pão para roer. Retomo o meu pequeno-almoço e sinto o telemóvel a vibrar no bolso. “Onde andas? Elas já acordaram”. Ainda não são oito, é sábado e já acordaram. Durante a semana é um martírio levantá-las. Acabo o pequeno almoço rapidamente e subo. Ajudo a despachá-las, volto com eles à sala do pequeno-almoço e, dois cafés depois, vamos para a piscina interior. Estão todas divertidas – pequenina incluída – e conseguem não azucrinar a nossa cabeça durante duas horas. Eu só quero dormir. E ainda nem são horas de almoço…
Obrigada, por me fazer rir. Gosto da forma simples e real como escreve.
????????? que dia!
Que rico dia de férias! ?
Tão tão nós. .. por aqui 3, dois deles bebés com 14 meses de diferença. Não me posso queixar da mais pequena mas do que já vi, passamos pelo mesmo! E é tão giro ver casais da nossa idade com também três filhos. Os nossos amigos têm um e e… podemos ser amigas? 🙂 🙂 eh eh eh
Adoro a forma como escreve!!! Vou, sinceramente, ficar a espera de um livro ?