É na hora de deitar que a conversa chega. “Mãe, tenho saudades da avó e ela nunca mais vai voltar”.
A Maria Inês tinha uma relação muito próxima com a avó “Nieta” e sente necessidade de falar dela e do que a inquieta. Ontem, com a mão no peito, perguntava-me “como é que se tira esta coisa que fica aqui”.
Já li algumas coisas acerca da percepção que as crianças têm da morte e a lição principal é não subestimar os sentimentos das crianças e não inventar coisas abstratas, como o típico “foi para o céu”, porque até aos 8 anos elas baseiam-se precisamente em factos e coisas concretas.
Tento dizer-lhe que é bom sentir saudades da avó porque é sinal de que gostavam muito uma da outra. Que eu já sou adulta e continuo a chorar quando penso na minha avó e que não há qualquer problema com isso.
Ontem acrescentou uma nova preocupação: “eu não quero que mais ninguém nesta família morra. Principalmente tu, o pai e as manas”. Tentei dizer-lhe para não se preocupar com isso, que estamos cá para ela e confesso que tentei mudar de conversa falando das férias que se aproximam. Não resultou…
”Tu não vais morrer, pois não mãe?” Tive de lhe dizer a verdade mas, para a sossegar, disse que estou a cuidar de mim o melhor que posso para viver muitos anos (achei que não valia a pena falar em tudo o que escapa ao nosso controlo…)
Quando ela finalmente adormeceu continuei a segurar-lhe a mão e a pensar que isto de ser mãe é mesmo um desafio constante, sempre com novos obstáculos à espreita. E que isto de ser criança também não é muito mais fácil…
Exato, mas fazemos o melhor que podemos e sabemos. Ensinamos mas aprendemos, e muito, com eles. Só não os podemos educar num conto de fadas, camuflar a realidade da vida. Temos a obrigação de os fazer felizes, mas sempre conscientes das dificuldades, a seu tempo claro !
Concordo, Ivone (às vezes essa é outra dificuldade: perceber quando é o tempo certo!)
Um beijinho!
Há três anos faleceu a minha avó, sem que nada o fizesse prever para além de 86 anos com muitas histórias para contar! Na altura a minha sobrinha mais nova, com três anos, no dia da missa de sétimo dia perguntou-me “Titi, porquê que eu olho para o céu e não consigo ver a avó?”! Que tarefa difícil foi explicar numa conversa cheia de porquês ?
Um ano depois por ocasião do aniversário dela perguntou à mãe se a avó dela não ia à festa de aniversário ao que a mãe respondeu “Sim filha, vão as avós!” E ela voltou a frisar “Não mãe, a minha avó Elisa!” ❤️
Passados três anos continuam todas a falar da avó com muito carinho e saudade!
Lá está… as coisas abstractas podem ser boas estratégias para nós, adultos, mas não resultam tão bem com as crianças. Estão muito à frente nisto da inteligência emocional…
Um beijinho para si!
A minha mãe morreu quase há um ano. Lidar com o meu luto, a minha dor, a minha tristeza total e absoluta e, ao mesmo tempo, pensar na forma de explicar ao meu pequenito (4 anos, na altura) foi a maior prova de fogo que passei enquanto mãe.
No momento, a coisa ficou por ali mesmo… mas, o pior foi à noite, quando a notícia “lhe bateu”. As perguntas, as respostas que tive de arranjar para explicar de forma a que ele entendesse… ufffff
Só consigo imaginar esse seu “exercício” por aquele que o meu marido, filho da Avó Nieta, teve de enfrentar. Sei que não é fácil…
Um beijinho para si!
Vieram.me as lágrimas aos olhos em tão poucas palavras. Obrigada
Um beijinho para si!
🙂
Eu tinha 8 anos quando a minha bisavó partiu…..a relação com ela era (é) tão forte, tão verdadeira e tão intensa que me lembro de cada detalhe, pormenor….tudo…. do dia em que deixei de a poder abraçar. Marca muito e para sempre…..e ainda esta semana falei desse dia e de tudo o que senti ao meu filho mais velho…..eu só tinha 8 anos!! Passados 30 deixei de poder abraçar o meu avô ( filho dela) e fiquei órfã de amor de avós….. e mesmo com 38 anos a dor da perda é igual e eu voltei a ter 8!!
Identifiquei me com essa sua Maria ?
Um beijinho para ela e diga lhe que com o passar do tempo a saudade fica doce ?
É assim que sinto a saudade que tenho da minha avó: doce 🙂
Obrigada pela partilha!
??
Quando nem nós sabemos como “tirar esta coisa que fica aqui”…! Nunca sai, nunca vai embora…mas ter uma família doida e cheia de amor ajuda a sentir o coração mais quente! Um beijinho aos 5! <3
Espero que sim, Inês! 🙂
Um beijinho
Que dizer depois de ler isto??
Muitos beijinhos
Beijinhos, Sara 🙂
O meu Vasco tem 9 anos e, infelizmente, não conheceu o avô (o meu pai), no entanto, de tanto lhe falarmos dele, no outro dia disse-me “Eu queria tanto ter conhecido o avô…”, o que me encheu de orgulho, pois acredito que lhe passo todas as coisas boas que vivi com o meu pai e lhe pude passar um bocadinho do amor que hei-de sentir sempre.
De vez em quando diz-me “não podemos pensar em coisas tristes, pois não mãe?…tipo quando as pessoas morrem e assim…” e eu digo-lhe que não, porque afinal a dor da perda é uma coisa dificil de explicar e de entender, seja em que idade for.
Um beijinho para si e para o Vasco, que com certeza vai crescer a saber dar valor às pessoas que tem à sua volta 🙂
Eu tenho 28 anos, já só tenho uma avó viva. Os meus 4 avós são o melhor que tenho na vida a par do meu irmão e dos meus pais. Após ter perdido 3 avós tenho um medo horrendo da morte. A minha avó tem quase 84 anos, ainda está maravilhosa e só de pensar que um dia vou ficar sem ela sofro bastante. Tenho muito medo de chegar ao dia em que já não tenho ninguém a quem chamar avó. Pessoalmente acho que não existe preparação possível quando as ligações são bastante fortes. É continuar todos os dias a aproveitar todos os momentos com as pessoas que mais amamos! Quantas às crianças, e porque também já fui criança, acho que não se deve esconder nada nem enfatizar, por mais que custe as crianças dão muito valor à verdade por mais insignificante que possa parecer.
Concordo. E este nunca será um tema fácil… aproveitemos todos os dias o melhor que consigamos 🙂
Um beijinho!
As preocupações de uma criança devia ser só ir á escola, passear, brincar, mas não,as crianças são muito inteligentes e estão sempre á procura dos “porquês”,’porque não entendem certas coisas principlamente a ver com a morte de um ente querido, gostariam que fossem todos imortais, mas se fosse só elas a pensar assim, até nós adultos gostaríamos que a nossa mãe,pai, avós, família, amigos fossem imortais. E mesmo em adultos choramos com essas percas em nossa vida. Se para nós e difícil ultrapassar uma dor dessas, como uma criança irá conseguir? Adorei o texto Catarina. Beijinhos
Há bem pouco tempo faleceu o avô paterno das minhas filhas. Não lhe falei do céu nem da estrelinha. As crianças cedo aprendem que a vida tem princípio (quando a mãe está grávida e nasce um irmão, p.e.) e tem fim (quando morre alguém). Custa muito quando nos é alguém próximo mas é também uma oportunidade de crescimento, tanto para nós, pais, como para os nossos filhos. Penso que se deve perguntar se têm alguma dúvida ou se querem saber mais alguma coisa e explicar, de forma simples e verdadeira, as suas questões. Beijinhos
Ola Catarina
Posso confirmar que nao é facil dizer a uma criança o quanto custa perder alguem tao proximo. Eu tenho 4 filhas e com grande tristeza elas nao conheceram Avó Materna minha Mãe. As 2 mais velhas agora com 19 e 17 anos para elas foi sempre natural nao ter a pressença da Avó . As duas mais novas gemias de 4 anos preguntao me todos os dias o porque de avó nao fazer parte das suas vidas, mesmo nao a conhecendo falam nela como a tivesem conhecido desde sempre e o que me intristese é as saudades que elas sente de uma avo que talvez so a conhesem em sonhos. Um beijinho grande para toda a familia. Sois uma familia espetacular.
Ainda hoje sinto saudades do aconchego da roupa à noite e do beijo de boas noites!
Tal e qual, passo por essa situação quase diariamente com a minha filha, também de 8 anos. Mas ela tem uns ataques de pânico, dificilmente a sossego.
Foi esse sentimento de perda que me fez procurar respostas. Afinal de contas se a morte fosse uma coisa “normal”, não nos devia fazer sofrer tanto. Se fosse verdade que as pessoas vão para o céu, Jesus não tinha ressuscitado ninguém. Não fomos feitos para morrer, fomos feitos para viver e mesmo os que perdemos voltarão, como Deus prometeu (Atos 24:15). Até lá, fica a saudade.
Nessa idade e mesmo sem ter perdido alguém próximo lembro me que chorava sozinha com medo que a minha mãe morresse. Acho que deve ser uma fase diferente que se deve passar nessa idade. Talvez.
Gostei muito do seu texto! Os meus filhos têm 4 e 7 anos e perderam o pai há 2.5 meses.. Tinha apenas 40 anos.. E devo dizer que a tarefa mais complicada que tive na vida foi dizer lhes… O que aconteceu ao pai que tanto amam… Ser mãe é um desafio mas há desafios que ninguém devia ter de encarar!!
Força e um abraço apertadinho
E como consolar um filho que é órfão de pai vivo ? Tem sido muito complicado. Beijinho
Os meus filhos mais velhos cresceram com os meus pais e quando eles faleceram com 1 ano e 2 dias de diferença tiveram muita dificuldade em aceitar apesar de terem 15/16 anos e 11/12 anos. Ainda, quase 3 anos depois da morte do meu pai e 2 da minha mãe não é um assunto fácil…
P.s. no dia não registei mas cruzámos-nos no dia do funeral da minha mãe… vocês a sairem e nós a chegarmos ao cemitério.
Beijinhos
Por aqui no mes passado tambem veio a conversa abaila apesar da avo ter morrido em 2014, e depois de meses a falar e sem saber sossegar a princesa agora com 8, disse lhe algo sem querer mesmo que a sossegou, disse lhe que mesmo morrendo estava sempre com ela e com os irmãos, francamente não sei o que entendeu, porque si perguntou a sério e eu dise sim nao ves nem tocas mas andamos por aqui. Ok mae adoro te, amo te es tudi para mim e pareceu me acalmar em.relaçao a isso o tempo o dira…
Eu tinha 9 anos quando percebi que um dia tínhamos de morrer. Hoje tenho 26 e continuo apavorada com essa ideia de como um dia todos vamos embora. Tinha 9 anos quando a primeira pessoa que eu amava partiu, ainda hoje não consigo tirar essa coisa do peito. Tenho 26 anos e estão a ir embora muitas pessoas que eu amo. Ainda bem que a Maria Inês sabe que não vamos para o céu. Eu nunca acreditei nisso e acho que foi por isso que nunca lidei bem com a morte. Ainda bem que tudo evolui…
Fugindo á conversa dos avós, que felizmente ainda tenho 3, ainda novo perdi o “César”…
mas algo neste texto me intrigou “Dona”Catarina..
“Já li algumas coisas acerca da percepção que as crianças têm da morte”
Esta foi profunda, e pensei para mim… “A própria ? Será que sentem?”
Muita coisa fez sentido, algum tempo depois , daquela fatídica manhã! Apenas 20 min depois de a ter deixado na escola… o levantar de manhã , o ir para o carro, a negação do beijo de bom dia ( já costume), e o último olhar, esse sim… aquele segundo está gelado em mim, como fotografia…
Tudo foi diferente sem me aperceber, tudo ficou claro muito tempo depois, “voltando” aquele dia com mais calma..
Era essa a percepção, a própria percepção? Será possível “Dona” Catarina?!
Sou o Miguel.. Tenho 29 anos, e tive esta “lição” de vida , á um ano, que não estamos “formatados” para ter.
Beijos! E diga ao António que é um ganda maluco ! ?
Tenho 22 anos, era muito ligada aos meus avós mas principalmente a um avô. Morreu há muitos anos atrás, andava eu no meu quinto ano é hoje é o dia que choro por ele bastantes vezes. O vazio é inesplicavel e só o de pensar que um dia acontecerá com os meus pais será devastador e mesmo com está idade faço a mesma pergunta à minha mãe “ mãe nunca vais morrer pois não ?”. Dizem que não é justo nem humano nenhum filho morrer antes dos pais mas será justo para nós filhos ver-vos partir?
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Infelismente ja perdi todos os meus avós…o último e aquele mais especial faleceu ha já 4 anos. Cuidei dele como ninguem, era neta, amiga e cuidadora. Não foram tempos faceis e eu na altura com 26 anos.
O meu avô partiu sem que ninguem esperasse, com uma gargalhadaw e ainda não consegui fazer o meu luto como as outras pessoas fazem e que parece tao repentino.
Tenho tantas saudades do avô chico, das paródias, dos amuos…
Estou a tentar ser mãe, planeio o meu futuro e quero em breve engravidar. Quero que a minha criança oiça historias, anedotas, proverbios do avô chico e que de certa forma o conheca sem o conhecer. A essa minha criança darei o nome de Francisco ou Francisca. Como homenagem ao seu bisavô
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Eu quando nasci o meu pai tinha 62 anos, eu cresci a ver o meu pai envelhecer, definhar, todo aquele processo que a velhice carrega.
E duro ser criança e ter preocupações de adulto, e duro ser pai e por vezes não conseguir explicar da melhor forma o que é a perda.
Afinal de contas a perda sente- se , todos dias um pouco mais.
Já perdi o meu pai há 16 anos e choro, quando me apetece e quando tenho saudades.
A morte faz parte da vida, mas é tão difícil explicar isso a uma criança.